Só

É só isto.

Água

Adentrar no tempo e afogar a voz em silêncios...

Imperfeita

2016, Agosto.

Longa foi a caminhada desde a praia de São Jacinto até ao paredão, queria admirar e fotografar a saída dos veleiros para o alto mar.

Foram poucos, a tempestade anunciada na Galiza, levou-os a sair mais cedo.

Mesmo assim valeu a pena? Claro que sim, muito.

Todas as caminhadas valem a pena.

A imperfeição de um passo, torna-se menor no outro.

Um gesto pode ser insubmissão.

Um aceno, adeus.

Nesse entardecer, de regresso à praia, a nortada já era notória. A minha filha estava cansada; também eu, ainda que não o admitisse.

O vento sacudia as sementes, o trigo e o joio.

Aprender é um caminho que se faz constantemente ao longo da vida.

Este ano, porque quis demarcar uma data, completo dez anos da minha paixão pela fotografia; já existia muito antes, mas nunca pensara na fotografia dessa forma.

E seguirei, tantos anos quantos conseguir, nesta relação de imperfeita paixão.

Sobre a escrita? Fica para outro dia...

Intervalos

Passar pelos intervalos das memórias sem me cortar...

Ir

Partidas e chegadas,

todas têm uma hora...

A espera, apenas um adiamento.

Remar

Remo no leito do tempo

sem saber onde vou aportar

Manhã

A manhã surge apelativa para lá das cortinas...

Sentir

Toco-te.

Sinto-me...

Brilhos

Pequenos brilhos,

passos curtos.

Flores

Os dias tristes não falam, recolhem-se.

Os dias tristes não olham, afastam-se.

Os dias tristes são vozes esmorecidas...

Lá fora, a Primavera cresce!

Mundo

Curiosidade densa,

intensa,

demorada no tempo.

Uma janela pode ser o mundo...

Imaginar

... as páginas de um livro.

Dia Mundial da Poesia

Trago andorinhas nos olhos,

malmequeres na ponta dos dedos,

a poesia toca a pele

procurando-me...

Sussurra

a

liberdade

dos

sentidos.

Interior

Nas camadas interiores do ser

há luzes que nãos esmorecem.

Abstracta (2)

Como desenhar arte diariamente.

Pintar

Na noite, uma parede pintou-se luz.

Ousar

Liberdade é a ousadia de viver em constante risco.

Abstracta

Camadas de beleza.

Infância

Hoje uma criança tomou-me de surpresa.

A minha admiração é crescente por este ser de sete anos.

Curiosa por natureza, mente inquieta, genuína nos afectos, olhar atento a tudo o que a rodeia.

Leitora ávida, vocabulário rico e adequado, artista das imagens e das palavras, criativa.

Reflecte e exterioriza emoções, cativa pela doçura e generosidade.

Disse-me que aprendeu um poema de Luís de Camões para um trabalho da escola. Naquele momento tornei-me ouvinte atenta de "Verdes são os campos". Êxtase e sorrisos.

E de repente, a puerilidade de um pedido:

Vamos fazer bolinhas de sabão?

Recuei anos com estas palavras.

Os meus filhos já são crescidos, o André é médico, a Eva segue firme o caminho que vai traçando. Sou uma mãe feliz e orgulhosa.

À doce Clara, desejo muitas felicidades e agradeço a generosidade das partilhas afectivas.

Luz

A luz é uma armadilha do tempo.

Milagres

Há muito que os santos desistiram dos milagres,

cansados de artimanhas e fingimentos, fugiram.

Apenas restam nichos...

Passos

Dar um passo para a beleza das coisas invisíveis.

Fascínio

Continua a ser inesgotável o fascínio que as nuvens exercem em mim...

Estrada lenta

O movimento é lento

abrandam os pensamentos.

(ou finjo)

Ao longe, réstias de dia...

Foco

Imagem indefinida

espaço real.

Falhar o foco,

ou talvez não

e ficar assim por opção. 

Manter incertezas,

inquietações

avivam a permanente curiosidade.