Abstracto

Sombras da noite

atravessam árvores,

empalidecendo as horas.

12

Um número bonito.

Um projecto bonito.

A Minimalista lança o décimo segundo livro

Ana Moderno e Maraia trazem "A Máquina das Emoções".

Jacarandás

Outono.

Últimos dias de Setembro.

O espanto de encontrar jacarandás frondosos e floridos.

Belo, sem dúvida, mas dá que pensar...

Lugares

A transparência é um modo; a honestidade, brilho.

A noite traz farrapos e sorrisos.

Entre espaços

Simbologias, associações e objectos...

Gosto muito do que de inusitado encontro pelas ruas: pessoas, momentos, objectos.

Por vezes, fico apenas pelo olhar e sorrio, ou anoto um pensamento.

Outras, fotografo e, mais tarde, escrevo. 

A luz escapou-se e deixou a casa vazia; desligou-se.

A água, pela mão do tempo, preencheu o espaço abandonado e recebeu vida...

Agora cresce, alimentada pela luz dos dias e das noites;

cobre-se de sombras e vai dançando reflexos.

A cidade segue o movimento do tempo,

com as penas caídas dos sonhadores a serem arrastadas para longe.

Cumpriram-se.

Novas e diferentes esgaçam a pele...

Descamar

Vagarosamente,

ressequida pelo tempo

a vida-papel-de-parede

abre possibilidades

descama sentimentos

antevê texturas...

Entre azuis e amarelos

Caminho sem pressa:

sinto o Outono que vai amarelecendo ruas da cidade.

Subitamente, delicado azul-céu, vivo como horas de Verão.

Ainda haverá dias com memória...

Outono

A poente, a Invicta vestira de rubro o Outono.

A lua aparecia na noite envergonhada.

Sentada, aguardava a hora da música...

Foi com esta canção que entrei no seu mundo musical:

Benjamin Clementine - Cornerstone

Palavras na noite

Esquiva, a noite atravessou ruas,

do efémero fez presença,

preenchendo com palavras

futuros e ilusões.

Conversas

Cinco.

Com cinco mulheres à conversa,

cruzam-se linhas,

avolumam-se emoções,

sentem-se risadas,

escutam-se sonhos.

Fica a vontade de repetir...

Ausência

Saudades, horizonte que já não existe.

Memórias

Deslumbramento guardado,

memórias para o Inverno,

mão-cheia de palavras no bolso...

O que vem a seguir?

Camadas

Acumulam-se, uma a uma

e sem esperar,

estalam...

Saberá o tempo o que irá fazer?

Acordar

Arrastei as cortinas abri as janelas...

Amanheci.

Lá fora fui nuvem, sol, ave, vento, rio.

Liberdade.

A chuva afugentou-me, regressei ao interior.

Tranquilidade.

Detalhe

O dia em que todos os sorrisos me habitaram.

Tempo

Luz dourada da tarde

trespassa o tempo

repousa e mistura memórias...

Encontros

Surpreendi-me no intervalo da manhã

Estava pousada no chão, quieta

Por fases, reposicionei-a na vegetação.

Demorei-me na observação...

Beleza e simbolismo.

Mensagens da Natureza, porque não?

Rua

Anfiteatro de silêncios...

apenas o rio murmura no leito.

Escuto.

Segreda-me suavemente.

Sorrio...

Céu

Setembro mistura dias de fim do Verão

e cores a lembrar o Outono.

O céu fugaz em cada instante...

Gestos

Assisti à delicadeza do gesto,

ao sorriso de garota envergonhada

e achei tão bonito.

Não tem conta desde quando os conheço...

Parabéns C. e P.

Braços

Afastas-te vagarosamente,

no tempo e no espaço...

Continuas a sonhar comigo?

Dias

Nenhum é igual ao outro,

mas no todo

conjugam-se: ser.

Camadas

De quantas camadas e espaços é construída a realidade?

Em qual deles habito?

Fragmentos

O tempo trespassa as memórias,

fragmentando-as...

Quantas restarão intocáveis?

Propriedade

Dos momentos a que chamo meus...

Devagar

Verão que vai mostrando mudanças...

O Outono acena, discreto.

Recortes

Entre o casario e as sombras,

detalhes que espreitam...

Anoitece

Quietude...

Seda

O dia cede suavemente o lugar à noite...

resta-me a contemplação.

Escondida

Feiticeira da noite,

fascinante,

plena e única.

Cativa nos mistérios que esconde

subtraídos aos pensamentos soltos em palavras:

desejo

inspiração

volúpia

sonho...