Parede

Noite.

Há paredes que, iluminadas, são verdades.

Sombras

Das sombras que crescem nos meus pés.

Pontas

Sombras

em pontas de luz

à espreita.

Três

A sorte em três folhas de trevo.

Maré

Recuam as águas...

(contemplação do silêncio)

Até perder

Silêncio

(apenas contemplação)

Ocaso

Deambular na cidade que se perde na luz dourada do ocaso.

Dias

Consomem-se os dias...

Recorte

Um inusitado coração...

Tecer

Tecer-me no interior das sombras.

Maré

O que fica depois de cada maré?

Pétalas

E ainda assim, na falta de pétalas, continua belo.

A essência permanece...

Dia Mundial da Fotografia

Dia Mundial da Fotografia

19.08.2024

Poderia percorrer anos e arquivos de fotografias; poderia escolher uma que nunca tivesse sido partilhada.

Poderia ser um auto-retrato...

Optei pela partilha de um momento cúmplice, em que a luz é presença e a beleza silencia.

Corre a brisa...

Fotografar é paixão e um acto que, enleado com as palavras, sublima as emoções.

Vento

As manhãs de vento que engolem pensamentos...

Brincar

Estar em casa nas horas em que a luz brinca nas paredes...

Tela

Projectar os dias no grande ecrã da vida.

Elevar

Elevar o olhar é descobrir outro lugar,

o das pequenas coisas...

Ao sol

Desabitam-se sombras

fendem-se muros...

Suspensos

Até quando suspender os dias de abrigo?

As asas estão abertas

aguardando

por brisas

murmúrios

dias...

Melancolias afagam as penas

em silêncio...

Pontos

Ponto a ponto

linhas acamadas

palavras avolumadas

sem sentido

sem destino

Sol

... e os domingos a serem domingos à beira-mar.

Cores

E o Verão vai arremedando as cores...

Abrir

A luz que abre caminhos.

Saborear

Grão a grão saboreiam-se pedaços de pausa.

Interiores

Entrelaçadas as horas

em palavras

meras passageiras.

Dentro

Olhar do lado de dentro

para as camadas

de espaços

de texturas

de volumes.

Espaços vazios.

Onde moram as emoções?

Compor

Luz que compõe melodias e poesia

na penumbra que entardece.

Palpita

Amanhece.

Palpita na penumbra.

Nem na praia

Há momentos de quietude física, em que o corpo repousa,

deixando plena liberdade ao desassossego do pensamento,

esse que nunca dorme.

Travessias

Quantas sombras atravesso

(e me atravessam)

até realmente perceber a minha?

Na penumbra

Da parede que conta vidas.

Nenhuma é pertença,

tem a penumbra como abrigo.