Fevereiro ia quase a meio, quando a querida Carla de Sousa me lançou um desafio: escrever um pequeno texto para a exposição que iria estar patente no m|i|mo - museu da imagem em movimento (Leiria), assinalando os dez anos do seu percurso fotográfico e que teria como título, "Impermanências".
Orgulho, medo, desafio e respeito foram algumas das palavras que, de imediato, saltaram nervosas no meu pensamento. Respirei fundo...
Conheço a Carla há mais de três anos e tem sido uma grande e especial amiga, referência presente e fonte de inspiração. Entre palavras e fotografia, entre amigos e Leiria, as conversas animadas vão surgindo, da mesma forma que os silêncios são cúmplices e apaziguadores e a poesia é espaço amplo de ideias.
Como não é intenção deste apontamento tornar exaustivo o momento, mas antes fazer um leve enquadramento, importa salientar que todos os textos recebidos foram manuscritos pela Carla em folhas de 25 linhas (sim, daquelas azuis!) e ficaram maravilhosos na instalação representativa do efémero e do impermanente.
Claro que havia outras belas e intensas "impermanências"...
Obrigada, Carla de Sousa!
A partilha do texto que escrevi:
E de repente, no espelho do efémero, vejo o reflexo do que já não sou e da minha finitude, imersa na fragilidade quase angustiante do que não tenho.
Dos momentos e dos fascínios vividos e que me acompanham nas gavetas da incerta memória, divago quanto aos que fizeram parte de espaços que continuam disponíveis e plenos de essência; mesmo que já não seja a mesma pessoa, serei capaz de senti-los e vê-los da mesma forma? O que perdurou deles em mim?
Porém, a dolorosa percepção da impermanência, estilhaça os instantes e a transitoriedade procura refúgio no conforto contemplativo da arte.
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