sábado, 30 de dezembro de 2023

Impulso

Por impulso, parei o carro; saí.
Caía uma chuva miudinha e de capuz na cabeça atravessei a estrada, subi lentamente os degraus e transpus a porta.
Lá dentro, um mundo de silêncio. O ar gélido e a luz mais ténue alimentavam o ambiente, sentei-me no último banco corrido. Aconcheguei o casaco.
Durante vinte e poucos minutos ali estive, imóvel, a ouvir-me. As vozes interiores não perturbavam, apontavam apenas possibilidades, equilíbrios, caminhos, olhares...
O fascínio pelo silêncio foi interrompido pelos passos arrastados de uma mulher, devota nos gestos e na orações em surdina. Uma mulher de fé...
Quebrado o momento, nada mais me prendia, o silêncio partira. Levantei-me e saí.
Na rua, o burburinho mantinha-se; a vida prosseguia.





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