De um convite feito pelo Pereira Lopes (INstantes - Festival Internacional de Fotografia de Avintes) para participar em algo diferente em tempo de confinamento e com a possibilidade de escrever algo alusivo ao momento, não hesitei em convidar o Paulo Kellerman (Fotografar Palavras) e partilhar com ele a página destinada ao texto.
Aqui está o resultado.
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De repente damos conta de um tempo que nos enlaçou em teias inimagináveis, sem questionar. Silenciosamente afastou-nos de abraços, de afectos e na distância calou as raízes que somos; de um sopro foi esvaziando espaços, dissipando murmúrios. O sorriso fica mascarado no vazio baço do olhar e sentimos o querer do que não temos. O tempo inventado prossegue sem hesitar e sem olhar ao que fica e a natureza renova-se. Na verdade, a vida nunca parou.
Cristina Vicente é fotógrafa e vive em Estarreja.
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- Para quê medir o tempo, se ele agora parece estático? Não sentes que vivemos presos num momento? Um momento que nunca acaba porque, afinal, nem sequer está a avançar. Um momento eterno. Como se o tempo estivesse parado, percebes? Como se já não existisse diferença entre presente e futuro.
- Anda lá, que estamos atrasados. O tempo até pode parar; mas nós não.
Paulo Kellerman é escritor. Coordena o projecto Fotografar Palavras.