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Noite de família

Confissão

Confesso-me às sombras...

Chuva

Chovem-me palavras lavadas

de sílabas vincadas

em torrentes.

Vozes

A noite trouxe o esplendor do belo, da representação, da entrega, das emoções.

Da candura ao sorriso, do desejo à revolta.

O poder das palavras...

As vozes elevaram-se, fizeram-se ouvir.

Há diários que não podem ser esquecimento...

Nomes

Que nome dar às tempestades interiores?

Como classificá-las?

Intensidade

Grau de destruição

Torrentes

Cicatrizes

Rasgos

Enchentes...

Íntima

Apreender a direcção mais íntima da luz.

Banido

Sob as pregas da noite

o véu rasgado

banido

desencantado...

Indeterminado é o tempo

que lança os grãos

aos gritos

ao vento.

Das horas que caem soltas

desenhando memórias

entre notas e melodias

nos degraus de uma varanda

guardam-se segredos

já pousados e cansados.

Pequeno

é pequeno

o morno recanto

iluminado

Secretas

A noite faz temer a ausência,

o sono faz tremer o cansaço.

O vento frio, arrepia

varre a avenida deserta.

Secretas são as palavras

pousadas em sílabas quentes.

Pontos de luz

Pontos de luz na noite fria.

Por vezes, olhar não é suficiente

para entender o lado invisivel das emoções.

Chuva

Abranda o passo,

demora o olhar.

A vida segue

cintilante,

apressada,

silenciosa.

Chuva que invade o céu,

faíscas que rasgam o horizonte.

Imagina-se descalça

a saltar,

a correr

nas poças,

nas valetas,

nas torrentes.

Naquele momento

descalça a bota

pousa um dedo no chão,

a terra vibra

apelativa,

tentadora...

Uma voz distante

insistente

invade-a:

está a chover,

vai para casa.

Lentidão

... das horas.

Tantos lugares para ir.

Outros lugares para estar...

Trilogia

Tempo, luz e movimento.

Poesia nocturna

A noite trouxe bela surpresa em espaço espantoso:

poesia.

Diferente

O mesmo espaço

transmuta-se com a luz que o banha.

Amanhece...

Voltar ao arquivo

Voltar ao arquivo para perceber que nada mudou.

A luz, sempre a luz!

Rubro

Poente incandescente

Linhas

Quantas serão as linhas

ainda disponíveis

para escrever com luz?

Anda

Anda

Vem sentar-te ao meu lado

Fala-me das tuas cores

Anda

Lentamente

Sussurra melodias de encanto

Temos tempo

Anda

Sonhar palavras entrelaçadas

Para escrever na pele

Na minha pele

Na tua pele

Anda

Conta-me o teu segredo

Anda...

Realce

O abismo das palavras mudas...

As mãos cruzadas,

um fantoche.

A sabedoria, boa conselheira,

vai sussurrando:

Guarda flores no regaço

que vindouro é o tempo da colheita.

Os pássaros dos beirais

ecos desgastados

suspeitos.

Crescem ervas silvestres

nos fios deixados ao acaso

e o circo, sem fogo,

deixou livres os papagaios.

Voltas

O destino é fado calçado

na roleta dos dias.

Quantas voltas repete até parar?

Cores

Expandem-se as cores na superfície dos dias

e de todas as visíveis

uma será sempre mais reservada

mantendo o véu até se mostrar.

Sufocante

Talvez

haja

momentos

em

que

o

silêncio

não

seja

suficiente

para

manter

a

paz

e

se

torne

sufocante.

Questões

Quantas questões ficam sem resposta?

Quantas mais surgem?

A inquietação e curiosidade alimentam os dias.

Azul

Azul desvanecido...

Gestos

Nas horas vagas

os sonhos desenrolam-se

intensos

Rendo-me ao silêncio dos gestos...

Recantos

A noite mantém a luz em liberdade...

os recantos e janelas tornam-se estórias por contar.

Parede

Imagem presente em cada amanhecer.

Há paredes que são janelas...

Descalça

Despe a noite sem temores

Trazendo a névoa nos pés descalços

Reluzem os sussurros...

Vivacidade

Da rua, a noite

Da noite, o interior

Do interior, a cor

Da cor, a emoção.

Vi va ci da de!

Véu

No abismo das palavras

Aguardam-se sílabas lentas

Trazendo o véu da incógnita

Até ao tempo certo.

A paciência é uma virtude

e o véu tem uma ponta ainda presa.

2025 ainda a começar...