domingo, 31 de julho de 2022

16h19

O bulício da cidade não cala o tempo
e a vida alheia, vazia,
passa veloz na montra.

Não olha.
Não quer.
Não sente.

O tempo fica dividido:
o real-visível e o reflexo-luz.
A imaginação escolhe e sorri.

Sábado de Verão na cidade, 16h19...






sábado, 30 de julho de 2022

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Pensamento colorido

De repente, uma mancha colorida e em movimento desperta-me a curiosidade.
Sigo-a e olho muito para lá do que vejo.
Sei-lhe a vivacidade, o riso fácil para o disparate, um humor acutilante, uma saudável inocência infantil, a introspecção e a hesitação, o sacrifício, o amor incondicional aos dela...

Do que não sei? Não é da minha conta...







quarta-feira, 27 de julho de 2022

terça-feira, 26 de julho de 2022

Surpresa

"Se te der uma fotografia minha escreves para ela?"

Foi com um sorriso de espanto que li.
Foi com um olhar brilhante que sorri.
Orgulhosa pelo convite.
A fotografia é genialmente bela e propensa a inúmeras interpretações.

A Sónia Silva é uma fotógrafa incrível e escreve muito bem; viaja-se com ela, em imagens e palavras; é também designer gráfico e encadernadora (bookbinder).
Tem um blogue onde partilha interesses, momentos, beleza, em suma, Arte:

ocorpoestremecedesaudade.blogspot.com


Obrigada, Sónia!


O texto

Já não bastava a janela aberta.
A alva cortina, livre ao vento, não era liberdade suficiente.
O piar das aves, era sufocante,
até a lua ria no seu crescente.
Minguava ela, sedenta,
mirrava o corpo, oprimido...
Ao abrigo da noite,
almofada de penas contra o peito,
saiu.
Saiu e acomodou o sono na soleira,
sob o manto de estrelas decadentes.
A manhã que se esperava seguinte,
não lhe chegaria ao corpo enregelado.
Seria livre, finalmente.


A fotografia da Sónia Silva





🖤🙏🖤


segunda-feira, 25 de julho de 2022

domingo, 24 de julho de 2022

Noite de castelo

Uma cidade, a noite...
Burburinho, sons perdidos, cascata.
Conversas longas...
Um castelo, duas perspectivas.
Pessoas especiais...





sábado, 23 de julho de 2022

Fortaleza

Aprendemos a observar e a sentir.
A dar tempo ao tempo...
Lentamente as ligações fortalecem-se
e descobre-se como uma fortaleza
irradia uma luz própria e especial.
Dos encontros inesperados.





sexta-feira, 22 de julho de 2022

Árvores

Gostar de árvores faz parte de mim, é-me intrínseco.
Não é algo recente, já que da infância tenho imensas memórias da sua influência...
Hoje em dia, destaco-as fotografando momentos que considero belos: o seu todo, ou pedaços do que são...
Escrevo e crio outros cenários em que são presença.
Velam-me o sono desde a enorme parede-tela.

Se isto não é gostar...

E sim, a preto e branco, para que a imaginação do colorir seja vossa.






quinta-feira, 21 de julho de 2022

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Instante

Levita,
única,
entre a orla do mar,
a terra e o céu...
nesse instante supremo de comunhão.





segunda-feira, 18 de julho de 2022

domingo, 17 de julho de 2022

Respirar

Quando a respiração perturba,
abrandá-la não basta
e,
momentaneamente,
acto de loucura,
suspende-se
a vida,
o tempo,
o ar...
até ao limite do ardor,
do batimento lento,
do aperto:
golfada de prazer.
A respiração retoma o tempo,
a vida retoma o ar.
Ocaso...






sábado, 16 de julho de 2022

Pena

A inquietude de uma pena ...
Até onde irão os pensamentos?
Vulneráveis ao vento,
com um só gesto
libertados
e na ponta dos dedos,
lado a lado,
desejo e escrita,
resplandecem
sorridentes e calados.




sexta-feira, 15 de julho de 2022

Camadas e camadas

Nos dias da rotina, o tempo vai sendo preenchido com amigos e companheiros de trabalho.
Nessa rotina surgem deliciosos intervalos de conversas animadas, ralhetes à volta dos pratos, brindes quase recusados (ai as fotografias), risadas e vinho derramado...
A vida vai sendo composta de camadas e de momentos, uns coloridos, outros mais pálidos, além de uma miríade de emoções, sensações, tentações e até de pecados.

Este foi o pecado da gula.







quinta-feira, 14 de julho de 2022

Lobos

Solitários,
são como lobos,
vagueiam,
livres
na imensidão temporal.
Avançam
de olhar fito no areal
e nas pegadas de ninguém.
Sabem sempre onde vão
nas horas em que o dia cai,
o deus-sol espera-os:
na entrega e na promessa,
na pacificação...






terça-feira, 12 de julho de 2022

A liberdade

A liberdade de uns,
o desespero de outros.

Hoje o ocaso foi rubro, cor de fogo, na praia mais próxima,
ao mesmo tempo que as chamas, incessantes,
lavravam noutros lugares do país.

Às vezes reclamamos de quê...?
Exacto.





segunda-feira, 11 de julho de 2022

Divagações

As impressões sensoriais da realidade reflectem-se no estado interior (e exterior) do indivíduo: a afectividade, a frustração, a incapacidade de ser objectivo face ao que encontra, filiado a conceitos e crenças inflexíveis que desaguam em comportamentos teimosos e bacocos, alguns quase horrendos e tantas vezes descabidos do meio social e humano em que se insere...

A Arte deveria ser beleza e criatividade; a representação de emoções, momentos de monólogo interior partilhados em liberdade e tanto mais que se deseje, e não o palco de fel gratuito em que se transforma...




sábado, 9 de julho de 2022

Pedalar

Final de tarde.
A praia vai adormecendo.
De repente, surgem à minha frente, animadas...
Pedalam ao ritmo dos seus sonhos.





quinta-feira, 7 de julho de 2022

Sentado

Sentado, observa...

Passam impaciências e gritos,
beijos e sorrisos,
fingimentos e alegrias,
brinquedos caídos e birras.

Paixões e arrependimentos,
vida e morte,
a lua, o sol e o tempo,
saudades e esquecimentos.

Infância e adolescência,
homens e mulheres,
fundamentalismos e palavrões,
desrespeito e crítica desmedida.

Sexo e sexualidade,
linguagem livre e desabrida,
feminismo e machismo,
relações e discussões.

Géneros e cor,
manifestações e apoio,
esperanças e igualdades,
respeito e ansiedades.

Políticos e roupa suja,
até dali cheira mal,
pensa e decide
é melhor o lugar inicial:

sentado a soprar.




Nota: escultura de Ricardo Romero
"Sopro", 2020 / Marinha Grande

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Impermanências, de Carla de Sousa

Fevereiro ia quase a meio, quando a querida Carla de Sousa me lançou um desafio: escrever um pequeno texto para a exposição que iria estar patente no m|i|mo - museu da imagem em movimento (Leiria), assinalando os dez anos do seu percurso fotográfico e que teria como título, "Impermanências".
Orgulho, medo, desafio e respeito foram algumas das palavras que, de imediato, saltaram nervosas no meu pensamento. Respirei fundo...

Conheço a Carla há mais de três anos e tem sido uma grande e especial amiga, referência presente e fonte de inspiração. Entre palavras e fotografia, entre amigos e Leiria, as conversas animadas vão surgindo, da mesma forma que os silêncios são cúmplices e apaziguadores e a poesia é espaço amplo de ideias.

Como não é intenção deste apontamento tornar exaustivo o momento, mas antes fazer um leve enquadramento, importa salientar que todos os textos recebidos foram manuscritos pela Carla em folhas de 25 linhas (sim, daquelas azuis!) e ficaram maravilhosos na instalação representativa do efémero e do impermanente.
Claro que havia outras belas e intensas "impermanências"...


Obrigada, Carla de Sousa!


A partilha do texto que escrevi:

E de repente, no espelho do efémero, vejo o reflexo do que já não sou e da minha finitude, imersa na fragilidade quase angustiante do que não tenho.
Dos momentos e dos fascínios vividos e que me acompanham nas gavetas da incerta memória, divago quanto aos que fizeram parte de espaços que continuam disponíveis e plenos de essência; mesmo que já não seja a mesma pessoa, serei capaz de senti-los e vê-los da mesma forma? O que perdurou deles em mim?
Porém, a dolorosa percepção da impermanência, estilhaça os instantes e a transitoriedade procura refúgio no conforto contemplativo da arte.






terça-feira, 5 de julho de 2022

Esquinada

Embevecida
contemplava a parede branca
pintura recente
imaculada.

A luz e a sombra,
(sempre elas)
constantes
desafiantes.

Não há como escapar-lhes...





domingo, 3 de julho de 2022

Anoitece

Anoitece em silêncio.
Aquietados os voos,
o tempo encosta-se
e o ritmo da ondulação
vai trazendo a sonolência...

E nada parece o que já foi.





sábado, 2 de julho de 2022

Pormenores

Durante o dia, imagino possibilidades com o vento,
trauteio liberdade de pensamentos.
À noite, escrevo os sussurros dos búzios lançados no areal...
Coisas de mar.