Mentir todos mentem. E já mente quem o negar. Se são mentiras pequenas!? Não deixam de sê-lo...
Talvez nenhuma delas seja desculpável, mas mentir por prazer é magoar, ludibriar quem acredita, escapar à verdade cobardemente.
Mesmo nas pequenas mentiras, que são sempre uma estratégia momentânea de escape, um recurso comportamental que remata atitudes e eventuais fases de insatisfação pessoal, quem de facto sai enganado é a própria pessoa. Somos nós que mentimos. Não há volta a dar. É esta a realidade. O retorno da mentira é essa responsabilidade, essa posterior sustentabilidade do que se disse, do que se fez.
Tornamo-nos estacas pontiagudas, onde a mentira pode rebentar... somos fingidores, assumindo máscaras encondendo-nos por trás. Alguns, ficam enredados nas malhas finas da teia que teceram, outros serão eternos prisioneiros e escravos delas. Mentiras pequenas que nem pedras, acumuladas no fundo do ser e que reflectidas no espelho, devolvem incertezas.
Se olharmos bem, nessa perspectiva, a nossa grande verdade é cinzenta, desprovida de conteúdo, de textura. Somos um vazio perdido na opacidade do que não existe.
(texto de 02.01.2020)